sábado, 15 de setembro de 2007

Renan diz que ficará no cargo e se vê eleito pela terceira vez

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) disse essa semana, em entrevista a uma Rádio Gaúcha, que seu nome é o mais capacitado para presidir o Senado, pois nenhum dos outros 80 senadores tem condições de presidi-lo no atual cenário, de "absoluta divisão".

Afirmando considerar que a votação que o absolveu representa uma "renovação da confiança da Casa" e uma "terceira" eleição sua ao posto, Renan deu sinais de que não pretende renunciar ou se licenciar do cargo. Ele declarou, ainda, que recebeu total apoio de Lula durante toda a crise e que a relação ente o PMDB, seu partido, e o PT, partido do presidente, passa pelo "melhor momento". Aliás, a bancada do PT é tida como essencial para sua absolvição. "Temos a melhor relação, vivemos o melhor momento", afirmou Renan, dizendo ainda acreditar que sua permanência no cargo não trará dificuldade para a votação da emenda que prorroga a CPMF. Sobre Lula o senador afirmou: "Conversamos o tempo todo durante a crise e o presidente sabia que não havia absolutamente nada contra mim".

Falando no presidente Lula, ele ficou a um passo de festejar a absolvição de Renan, mas não pôde deixar de acrescentar um "se" pelo qual admite que o problema continua no ar. "O problema começou no Senado e terminou no Senado, se é que terminou", afirmou Lula, ainda na Dinamarca. O presidente aceitou que os jornalistas fizessem uma pergunta - e só uma -, já sabendo que seria sobre a votação do caso Renan. Sônia Bridi, repórter da Rede Globo, quis saber se Lula conhecia e concordava com "a ação da bancada do PT no Senado na defesa do senador Renan Calheiros". Lula fugiu do assunto com uma afirmação institucional: "Nós precisamos nos habituar a acatar o resultados das instituições. Não posso admitir que eu só possa acatar o resultado quando ele favorece aquilo que eu pensava. Houve uma votação pelas regras do Senado, e o Renan foi absolvido". Depois, voltou ao "se": "Se vai haver continuidade de processo, se vai haver a Suprema Corte, são outros problemas". Lula disse também que, "para um presidente da República, o que interessa é que o Senado volte a funcionar com normalidade porque temos coisas muito importantes a serem votadas. Temos a CPMF, temos a reforma tributária, temos coisas de interesse do povo brasileiro. É isso o que conta".

Nosso comentário:

O presidente deveria perguntar ao povo brasileiro, que ele diz representar, se é realmente interessante a prorrogação da CPMF. Além disso, como defensor ferrenho da democracia, ele não deveria bradar aos quatro ventos que esse mesmo povo brasileiro precisa simplesmente acatar uma decisão do Senado, sem ao menos ter o direito de contestar e lutar contra o que não lhe agrada, como é o caso da absolvição de Renan - já que vivemos numa democracia.

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